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aula magna

Desafios enfrentados pelo Reino Unido durante o surto de COVID-19 e a importância da Sociedade Civil na Saúde (Case NHS e King's Fund)

Palestrante: Richard Murray

Debatedor: Richard House

As questões da saúde pública no Reino Unido

Para abordar o panorama da saúde pública no Reino Unido e seus desafios diante da pandemia de Covid-19, o convidado Richard Murray, CEO da The King’s Fund detalhou uma série de fatores relativos ao funcionamento e gestão do sistema NHS no país

O painel com apresentação de Richard House, jornalista britânico e colunista internacional do Instituto Lado a Lado pela Vida recebeu o economista Richard Murray, CEO do The King’s Fund, organização da sociedade civil que, desde 1897, trabalha para angariar fundos em prol da melhoria dos cuidados em saúde no Reino Unido. A aula magna ministrada por Murray acerca do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (sistema NHS, do inglês: National Health Service), seus desafios diante da pandemia de Covid-19 e sobre as lições aprendidas durante a primeira onda do coronavírus no país, teve como introdução as considerações de House, que destacou a influência do NHS britânico na construção de parte do modelo do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro.

Ao iniciar sua aula, Murray aprofundou detalhes sobre o trabalho realizado pelo The King’s Fund e disse que a cada quatro anos, uma nova estratégia laboral é eleita para tratar pontos específicos de forma a melhorar a sua eficácia ao invés de tentar contemplar a enormidade da agenda de saúde britânica. “Intensificamos nosso marketing de disseminação. Isso é meio incomum, talvez esse think tank (em português, laboratório de ideias) em uma instituição acadêmica como a nossa, mas trabalhamos com mídias sociais, aparecemos em redes de TV como a BBC, nas rádios e em jornais”, explicou, complementando que a organização faz todo o possível para que suas mensagens estejam ao alcance do maior número de pessoas.

Para Murray, apesar das críticas feitas pelos britânicos em relação ao NHS pelo fato de acharem que o sistema é subfinanciado, levando em consideração o consenso popular de que ele também não deve ser reformado e que acha que o governo não é generoso o bastante, o economista acrescentou que os britânicos não gostam, de forma geral, de alterações e admitem apreciar o NHS e seus fundamentos. “Se compararmos o nosso sistema aos dos Estados Unidos e ao da Europa Ocidental, ele não é caro. Ele é muito bom para nós e geralmente gratuito”, comentou.

Em relação aos pontos fracos do sistema, o economista disse que eles estão ligados aos resultados, lançando mão do questionamento: será que os resultados de saúde do Reino Unido podem ser comparados aos de outros países? “Em muitos casos não. Temos boa expectativa de vida para os homens, mas estamos em baixa com relação às mulheres. As pessoas

geralmente gostam [do NHS], mas será que elas não estão sendo traídas por um sistema que não lhes dá uma longa vida com saúde?”, indagou, propondo ainda maiores reflexões.

Em seguida, Murray elencou alguns dos problemas de saúde mais comuns entre os britânicos como o tabagismo, a obesidade, a falta de dieta adequada e atividade física. “Nosso sistema trata melhor o tabagismo, mas é mais difícil fazer isso em relação à dieta, à obesidade e garantir que as pessoas se exercitem a partir dos cuidados que recebem do sistema de saúde”, revelou, avaliando também os sucessos do NHS no que tange aos tratamentos de saúde mental, combate ao suicídio e de HIV/AIDS, sendo este último, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ao mencionar os impactos da Covid-19 no Reino Unido, Murray afirmou que o mundo ainda está aprendendo com esta nova doença e que, uma das falhas do governo britânico foi permitir o rápido avanço da doença pelo país por acreditar que estava melhor preparado para o enfrentamento do problema. “O motivo que levou à rápida propagação da chamada primeira onda foi acreditar que por possuir uma boa infraestrutura e um sistema de saúde robusto, o país poderia mitigar os efeitos da pandemia”.

De acordo com o economista, não podemos negligenciar a segunda onda de Covid-19 incorrendo em suposições errôneas no que diz respeito a estar isento ou preparado para enfrentá-la. “Muito pelo contrário. Devemos nos antecipar, observar e aprender com a experiência de outros países, reproduzindo localmente as medidas que deram certo em outras regiões do planeta”, alertou, alegando que o governo britânico está tirando lições sobre os seus erros e se preparando para a segunda onda de coronavírus com foco em manter todos os serviços essenciais de saúde abertos, especialmente voltados aos pacientes com câncer e portadores de doenças crônicas.

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