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aula magna

A vulnerabilidade dos sistemas de saúde público e privado quando

o impensável desafiou pequenas e grandes nações.

Palestrante: Rifat Atun

Debatedor: Edson Araújo

 

Saúde do futuro. Como se preparar?

Na aula magna ministrada pelo professor da Universidade de Harvard, Rifat Atun, foram avaliados vários fatores associados às fraquezas dos sistemas público e privado em âmbito mundial, utilizando referências históricas que embasam a necessidade de uma transformação digital, estrutural e cultural

Examinar a vulnerabilidade que os sistemas de saúde público e privado apresentam em escala mundial. Sob esta premissa, Rifat Atun, professor de sistemas globais de saúde e presidente do corpo docente do Programa de Liderança Ministerial da Harvard University conduziu sua aula magna sobre os desafios globais ao enfrentamento de novas crises sanitárias em longo prazo. O professor abriu a discussão dizendo que a pandemia de Covid-19 causou um grande impacto econômico e social deixando expostas as desigualdades em todo o mundo, além de trazer consequências sociais como aumento do desemprego e da pobreza. “O Banco Mundial reportou um grande aumento no tocante à insegurança alimentar com agitação social em todos os lugares. Na Itália, Estados Unidos, Reino Unido e além, observa-se inúmeros protestos”, expôs, acrescentando que houve também uma mudança de padrões sociais com pessoas questionando a ciência se posicionando publicamente contra seus preceitos.

Para Atun, está clara a polarização da sociedade em relação aos créditos que depositam na ciência e tudo o que advém de sua produção, sendo que a onda de infodemia (fake news) contribuiu para o avivamento da discussão entre apoiadores e opositores da comunidade científica. “Essa polarização social não é saudável e, como exemplo, podemos ver o que aconteceu nas eleições norte-americanas”, apontou. Ao focalizar os sistemas de saúde mundiais, Atun comentou sobre a falta de efetividade para as respostas dadas à pandemia de Covid-19 que classificou como ineficientes e inadequadas.

Em uma rápida explanação sobre onde estaria o epicentro da epidemia atualmente, o professor correu os olhos pelo gráfico que exibia um mapa mundi em diferentes cores indicando a Europa como novo epicentro da segunda onda de coronavírus. “A França teve um dos melhores desempenhos de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mas temos números aumentando na Espanha e no Reino Unido e são sistemas que estão com dificuldades na lida com a Covid-19”, esclareceu, revelando que o segundo epicentro da pandemia está nas Américas e mais especificamente em países como os Estados Unidos e o Brasil.

Conforme a dissertação de Atun, se considerarmos as intervenções comportamentais utilizadas para manejar o coronavírus, foram empregados procedimentos que remontam às épocas medievais como a quarentena. “Isso foi visto em Veneza, no século XIV. E outras intervenções como lavar as mãos, distanciamento social e máscaras também remetem aos tempos medievais. E desde esses tempos, não conseguimos responder efetivamente [às pandemias] e a pergunta é: por quê?”, indagou.

Um dos motivos elencados pelo professor está ligado a um termo cunhado por ele mesmo e chamado de ‘inovação assimétrica’ onde, por um lado, há a entrega de inovações incríveis como a invenção do chip, big data e o analytics, mas a inovação na entrega não tem acontecido. “Na França, temos o hospital mais antigo do mundo que é o Hótel-Dieu de Paris construído no século VII. Ele ainda está funcionando como hospital. Então, nós temos estruturas que herdamos de séculos atrás e por isso as inovações precisam acontecer na parte da entrega e nós não temos essas inovações que sejam acessíveis e melhorem os sistemas de saúde”, afirmou.

O foco dos sistemas de saúde construídos no passado era o de tratamento de doenças e não o de promoção da saúde disse Atun, atentando para que, se quisermos futuramente ter sistemas de saúde sustentáveis, será preciso uma grande transformação não só estrutural, mas também cultural sobre o conceito do que é saúde. “Para o contexto brasileiro, é preciso investir na interconexão das redes comunitárias de saúde por meio da digitalização de dados. Isso tem que acontecer em todos os níveis do sistema”, opinou, alertando para a necessidade do uso da inteligência de dados para mudar o comportamento no combate à progressão de doenças com aplicações voltadas para o nível da atenção primária. “Ela está mais próxima dos pacientes sendo capaz de dar uma resposta que seja ágil e eficaz em saúde”, contou.

Sobre as relações dos sistemas público e privado, o professor também assinalou sobre a urgência de mudança que pode se dar através de novas parcerias e de um planejamento estratégico que utilize dados digitais em saúde. “Isso ajudaria a destinar recursos financeiros às entidades que possam assegurar o acesso e produzir os resultados necessários à saúde da população”, ponderou.

Outro ponto de abordado por Atun diz respeito ao combate da pandemia, onde destacou a premência em se ter uma resposta global contra o coronavírus e que, portanto, mesmo ao se ter uma vacina isso não significa que as populações estejam suficientemente imunizadas. “Para isso, é preciso que os sistemas de saúde sejam capazes de vacinar as pessoas e nisso, o Brasil se destaca”. O professor enumerou alguns predicados ao se referir à capacidade de produção e distribuição brasileira por meio dos laboratórios públicos como o Instituto Butantan e a Fiocruz. “O país conta com o Programa Nacional de Imunizações (PNI) que é internacionalmente reconhecido como um dos melhores e mais completos programa de vacinação em espectro global”,

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