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eleições nos estados unidos

O impacto que o resultado terá nas relações entre

as nações e a saúde global

Palestrante: Maristela Basso

Debatedor: Marcelo D’ Angelo

 

Disputa acirrada nas eleições norte-americanas

Dois candidatos com propostas e posturas distintas duelam pela presidência dos Estados Unidos em um dos pleitos mais disputados e controversos da história. Para analisar este cenário, especialistas das áreas do direito e da comunicação expuseram suas impressões sobre os impactos mundiais ligados aos resultados das eleições

Na manhã do dia 6 de novembro, pré-eleições norte-americanas, o Global Forum – Fronteiras das Saúde recebeu a advogada Maristela Basso, sócia da área de direito internacional da Nelson Willians & Advogados Associados para debater questões inerentes ao pleito estadunidense, suas repercussões no Brasil e no mundo. Ao iniciar suas colocações, a advogada elogiou o trabalho da imprensa norte-americana no tocante à apuração extraoficial do resultado das eleições, dizendo que a confirmação oficial deveria acontecer por volta do dia 14 de dezembro. “A imprensa estadunidense costuma não falhar porque faz um trabalho bastante cuidadoso e detalhado para poder divulgar as informações mundialmente transmitidas”, afirmou.

Até aquele momento, não havia uma indicação clara por parte da imprensa norte-americana sobre qual dos candidatos tinha mais chances de liderar a corrida presidencial e Maristela fez questão de ressaltar o caráter competitivo da disputa. “As eleições nos EUA não importam apenas aos norte-americanos, mas sim, ao mundo todo. Se Donald Trump for reeleito, acredito que não teremos progressos nas perspectivas internacionais, conservando sua postura isolacionista e com foco no mote ‘America first’”, expôs.

Em complemento a sua fala, a advogada reconheceu que o nacionalismo estadunidense costuma ser bastante autocentrado e com mais um mandato de Trump, o resto do mundo teria que seguir à galope, participando de acordos bilaterais ou regionais que configurassem benefícios imediatos aos Estados Unidos. “Acredito que não vamos ver mudanças numa possível segunda gestão de Trump, muito embora pudéssemos esperar, a exemplo de muitas outras reeleições norte-americanas, que os candidatos reconduzidos para mais quatro anos seguiram a conduta de implantar novas agendas, dando maior atenção aos temas não explorados na gestão anterior”, observou.

Ao se referir ao candidato democrata Joe Biden, que foi vice-presidente de Barack Obama e todo o trabalho realizado em seu governo no que se refere às perspectivas das relações internacionais, Maristela vê como muito mais animador o cenário se conduzido pelo democrata. “Teremos um presidente bem menos isolacionista e seu programa eleitoral se propõe à volta do multilateralismo, ao respeito às organizações internacionais multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial do Comércio (OMC)”, exemplificou. De acordo com Maristela, ao vislumbrar a possibilidade de vitória de Biden, o país assumiria uma postura política muito mais inclinada à cooperação internacional e com viés desenvolvimentista, permitindo o progresso de nações ainda em desenvolvimento. Outro ponto aventado pela advogada diz respeito às falas de Biden no primeiro debate com seu oponente, onde observa o Brasil e sua política pouco sustentável citando a falta de cooperação brasileira na agenda desenvolvimentista mundial. “Percebo que alguns brasileiros estão preocupados com essa afirmação de Biden, mas eu reputo que foi uma fala realizada no calor do debate como forma de se diferenciar de Trump, até porque Biden é um candidato eco sustentável que trará os EUA de volta às plataformas de sustentabilidade econômica com proteção do meio ambiente”, esclareceu.

Conforme os prognósticos de Maristela, se eleito, Biden terá uma visão de maior condescendência com o Brasil, todos os países do continente americano e também, com o mundo, atentando para a importância da agenda ambiental. Para a advogada, Biden não deve iniciar um primeiro caminho de relações internacionais com o Brasil de maneira a condicioná-lo a um rol de exigências, críticas e penalidades em função das posturas que o atual governo brasileiro tem tomado nos últimos dois anos. “Os Estados Unidos mantêm um tipo de relação muito profícua com o Brasil que vai além deste dois últimos anos e Biden terá condições de avaliar que esse movimento que acontece em nosso país é recente, podendo assim se alterar no futuro desde que as relações se mantenham cordiais, diplomáticas, pragmáticas e neutras”, pontuou.

Após à explanação de Maristela, foi a vez do debatedor Marcello D’Angelo, diretor executivo da Band News, sinalizar a provável vitória de Biden e que, em contrapartida, teria a resistência e não aceitação de Trump diante deste resultado. “Ele já demonstrou em seu discurso feito no dia anterior que não vai ceder, caracterizando uma ação absolutamente peculiar. Talvez, não tenhamos casos como este na história, pelo menos, não nos últimos tempos”, comentou. Até aquele instante, no estado da Georgia, a disputa entre os dois candidatos estava acirrada, com diferença de apenas mil votos à favor de Biden e de acordo com D’Angelo, que classificou a Georgia como o epicentro do que acontecia nas apurações norte-americanas, que outra peculiaridade do estado se fazia em relação à corrida para o senado.

O diretor executivo da Band News, elencou algumas diferenças entre os dois candidatos ao dizer que Trump esvaziou a participação estadunidense nas entidades multilaterais mundiais, sendo a mais emblemática delas referente à Organização Mundial da Saúde (OMS) em que ele simplesmente optou pela desfiliação do país do junto ao órgão. “Ao que parece, Biden, que deve se confirmar como novo presidente dos EUA já demonstrou que vai refazer tudo isso, recuperando a posição norte-americana no Acordo de Paris e também na OMS”, salientou.

Ao retomar a palavra, Maristela analisou o histórico de Biden que foi vice-presidente de Barack Obama por dois mandatos, apontando uma bela trajetória que construiu segurança nas perspectivas interna e externa no tocante aos meios políticos. “O mundo ficará mais seguro com Biden que é a favor do multilateralismo e da edificação do consenso. Já Trump me pareceu bastante nefasto, se é que esta expressão não é muito severa de minha parte, mas ele foi por demais autoritário e isolacionista”, declarou. Quanto ao tema saúde global, a advogada atentou para o ‘grau de doença da civilização’ que pode estar ligado ao resultado das urnas norte-americana e que dependem da ideologia política das novas lideranças. “Embora o mundo esteja mais pacífico, em relação às guerras entre nações, não houve evolução no que tange às guerras humanitárias. Por isso, mais do que olhar para as nações, devemos olhar para os indivíduos onde quer que eles estejam”.

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